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Ano X Número 32 junho/2013 4

De olho nos quintais

E m

A arborização urbana consta como crité-rio de aval iação de planos de ações ambientais, inseridos no Programa Municí-pioVerdeAzul, da Secretaria de MeioAmbi-ente do Estado de São Paulo. “No entanto, o mapeamento da vegetação urbana tem se res-tringido às áreas públicas ou à área total, não deixando de forma evidente a contribuição dos quintais privados para a vegetação urba-na”, avalia o biólogo Caio Hamamura, refor-çando que alguns trabalhos acadêmicos indi-cam que essas áreas teriam potencial para mitigar os impactos causados pela urbaniza-ção. “Existe uma quantidade considerável de trabalhos que estudam a vegetação urbana por mapeamento a partir do sensoriamento remo-to, no entanto existem poucos que discrimi-nam a vegetação correspondente à área de quintais privados”.

O sensoriamento remoto é uma ferramenta para estudo da paisagem a partir de mapas, imagens e modelos georreferenciados. As imagens são adquiridas por fotos aéreas, videografia, sensores de satélites ou a partir da superfície.

No Programa de Pós-graduação em Re-cursos Florestais, Hamamura testou diver-sos métodos para tentar mapear as áreas de quintais permeáveis com o intuito de desen-volver ummétodo que pudesse auxiliar o pla-nejamento urbano e a investigação da contri-buição dessas áreas para a vegetação urbana. “O trabalho conseguiu resultados com acurácia bastante elevada e apresentou técni-cas inovadoras de filtragem e classificação,

destacando-se o aplicativo desenvolvido para realizar a filtragem Kuwahara que demons-trou melhorar bastante os resultados de clas-sificações por abordagem de pixels”. Com orientação do professor Demóstenes Ferreira da Silva Filho, do Departamento de Ciências Florestais (LCF), a pesquisa apon-tou que as classificações de abordagem por pixel levaram a resultados estatisticamente até melhores que a classificação orientada a ob-jetos, no entanto, a apresentação visual dos resultados da classificação orientada a obje-tos é superior pela redução do ruído, ou me-lhor resolução.

Para fins de interpretação da imagem o trabalho considerou como quintal qualquer área permeável (com solo exposto, relvado ou copa de árvore) que esteja dentro de uma quadra tipicamente residencial. “Para tanto, reconhecemos inicialmente quais são as qua-dras residenciais, ou seja, aquelas que pos-suem predominância de telhas cerâmicas e aqueles, em casos de casas de baixa renda, que possuem predominância de telhas cinzas (de amianto)”, explica.

No trabalho foramutilizadas imagens com as quatro bandas padrão (azul, verde, verme-lho e infravermelho-próximo) obtidas pelo satélite da DigitalGlobe WorldView-2. As imagens utilizadas retratam o município de Rio Claro (SP) e foram adquiridas para aten-der outro estudo desenvolvido também no Laboratório de Silvicultura Urbana do LCF. Na prática, o biólogo utilizou o programa Quantum GIS, um sistema de informação

geográfica l ivre de desenvolvimento colaborativo que, a partir da pesquisa de Caio Hamamura, passou a contar com o aplicativo Kuwahara 0.4. “Esse filtro já existe, mas era utilizado em trabalhos artísticos, na área mé-dica ou na área publicitária, para tratamento de imagens ou inserção de efeitos de cores”. De acordo com o pesquisador, a diferença é que o filtro desenvolvido permite trabalhar com imagens grandes (com mais de 100 megapixels) normalmente utilizadas em estu-dos do tipo.

O filtro Kuwahara uniformiza as imagens na medida em que preserva as bordas dos pixels. “Em outras palavras, reduzimos o ru-ído sem perder em definição de imagem me-lhorando a qualidade da classificação dos objetos provenientes das imagens de satéli-te”, avalia.

Em síntese, a área dos quintais pode re-presentar uma grande proporção da área ur-bana total. “Os quintais privados ou domés-ticos têm características muito distintas das áreas públicas, pois por ser de domínio pri-vado variam muito conforme as necessida-des e os recursos de cada proprietário. Por isso, o mapeamento dessas áreas, além de representar boa parte do uso do solo urbano, pode apresentar uma ferramenta importante para análise da ecologia urbana devido à gran-de variabilidade de hábitat. Conhecer qual a contribuição dos quintais privados para a ve-getação total da área urbana pode fornecer bases para o planejamento urbano e para po-líticas públicas para essas áreas”, finaliza .

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